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domingo, 27 de setembro de 2020

Práticas Sacrificiais: Ordem Divina ou Fruto da Ignorância dos Homens?

 


 

Atenção: o seu entendimento sobre esse tema determinará os rumos da sua teologia. 

Esse é o tema mais polêmico da Bíblia.  Milhares de livros escritos pelo mundo  tentando fundamentar a tese central do Cristianismo. 

Os cristãos  podem fugir de qualquer tema, menos desse, a doutrina da expiação, aquela que identifica na morte de Cristo valor salvífico.

 Está no livro de Levítico a sua instituição. Levítico 1:2, foi endereçado a todo o povo de Israel, o livro contém algumas passagens específicas para os sacerdotes (Levítico 6:8, por exemplo). A maioria de seus capítulos (1-7;11-27) são discursos de Deus no monte Sinai a Moisés, que recebeu a missão de repeti-las aos israelitas.

 “Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum de vós apresentar oferta ao Senhor, trareis as vossas ofertas de gado ou de ovelhas. Porá a mão sobre a cabeça do holocausto, para que este seja aceito a favor dele, para sua expiação.” (Lv 1: 2,3)

“Aos dez deste sétimo mês será o dia solene das expiações [...]  e oferecereis holocausto”. (Lv 23:27)

“Tudo que é consagrado ao Senhor, seja um homem ou animal ou um campo não se venderá, nem se poderá resgatar. E toda a coisa consagrada por um homem será posta a  morte.” ( Lv 27:28,29)

Não tardarás em oferecer de tua abundância e do teu sacrifício. O primogênito de teus filhos, tu me darás. Farás o mesmo com os teus bois e com tuas ovelhas: durante sete dias ficara com a mãe e no oitavo dia mo darás.” (Ex 22:28-29)

 “Oferecerás cada dia um novilho  em expiação pelo pecado”. (Ex 29:36)

Observamos que muito antes da instituição sacrificial no livro de Levítico,  os  sacrifícios já eram praticados no livro do Gênesis. Um momento critico no Antigo Testamento quando um sacrifício fez Deus não amaldiçoar a humanidade:

Depois Noé construiu um altar dedicado ao Senhor e, tomando alguns animais e aves puros, ofereceu-os como holocausto queimando-os sobre o altar. O Senhor sentiu o aroma agradável e disse a si mesmo: "Nunca mais amaldiçoarei a terra por causa do homem, pois o seu coração é inteiramente inclinado para o mal desde a infância. E nunca mais destruirei todos os seres vivos como fiz desta vez. (Gn 8:20,21)

Gênesis 4.1-7 relata a oferta que Caim e Abel apresentaram a Deus. Caim era agricultor e, Abel, pastor de ovelhas. O sacrifício de Caim não teria agradado a Deus, já o de Abel foi: "Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício verdadeiro comparado ao de Caim. Pela fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas." (Hebreus 11:4) Caim trouxe os frutos da terra, Abel trouxe suas ovelhas sacrificadas. 

 O Veredito dos Profetas

Afirmamos que no Velho Testamento os profetas Isaías e Jeremias têm opiniões divergentes sobre o tema. Para o profeta Isaías aquelas práticas sacrificiais nada tinham de divinas. Só o profeta Ezequiel admitia que aquelas práticas, inclusive a de sacrifícios humanos, foram instituídas por Deus. Porém, vale observar que eram práticas para contaminar o povo, o que é um grande absurdo admitir que um Deus amoroso permitisse tal ato.

Para o profeta Isaías os sacrifícios não tinham nenhum significado espiritual:

“De que me serve a multidão dos vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados; não folgo com o sangue de bezerros nem de cordeiros, nem de bodes.” (Is 1:11)

“Diz o Senhor. É para este que olharei: para o humilde e contrito de espírito que treme da minha palavra. Mas o que sacrifica um boi é como o que mata um homem e o que sacrifica um cordeiro, como o que degola um cão [...] estes escolheram os seus próprios caminhos e a sua alma tem prazer nas suas abominações.” (Is 66:2,3)

“De que me serve a mim a multidão de sacrifícios? Já estou farto delas” (Is 1:11,13).

Para Ezequiel as práticas sacrificiais, inclusive os sacrifícios de primogênitos, foi ordenamento divino para contaminar o povo:

“Dei-lhes então estatutos que não eram bons e normas pelas quais não alcançariam a vida. Contaminei-os com as suas oferendas, levando-os a sacrificarem todo primogênito, a fim de confundi-los, de modo que ficassem sabendo que eu sou Yahweh”. (Ezequiel 20:25-26)

“Permiti que se manchassem as suas ofertas, quando para expiação dos seus pecados ofereciam os seus primogênitos.” (Ez 20:26)

Para o profeta  Jeremias as práticas sacrificiais não agradavam a Deus:

“Para que me trazeis vós incenso de Sabá e cana suave de terra longínqua? As vossas ofertas queimadas não são aceitáveis nem os vossos sacrifícios me agradam”. (Jr 6:20)

Aqui ele diz que não foi Deus que lhes pediu sacrifícios:

“Porque eu não falei com vossos pais, nem lhes mandei, no dia em que os tirei da terra do Egito, coisa alguma sobre ofertas queimadas e sacrifícios”. (Jr 7:22,23)

“Eles construíram os lugares altos de Tofet no vale de Ben-Enom para queimar os seus filhos e suas filhas, o que eu não tinha ordenado e nem sequer pensado”. (Jeremias 7:31)

       Finalmente concluímos que a teologia cristã não pode afirmar que as práticas sacrificiais foram ordenamento divino ou parte de um plano de redenção da humanidade. Afirmação forte, mas em função de tudo que examinamos não há outra conclusão, a não ser que as opiniões dos profetas Isaías e Jeremias, não tenham nenhum valor teológico-doutrinário.

 Para um maior aprofundamento ler o capítulo 15 (Face Sacrificial), do livro:



 


 



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