Se fosse deveria ser um livro que nenhum outro homem — ou grupo de
homens — pudesse produzir.
Deveria conter a perfeição da filosofia.
Deveria estar totalmente de acordo com cada fato da
natureza.
Não deveria conter erros em astronomia, geologia ou em
quaisquer outros assuntos ou ciências.
Sua moral deveria ser a mais sublime e pura.
Suas leis e suas regras para controle de conduta deveriam
ser justas, sábias, perfeitas e perfeitamente adequadas aos fins visados.
Deveria estar repleto de inteligência, de justiça, de
pureza, de honestidade, de clemência e de espírito de liberdade.
Deveria opor-se à contenda, à guerra, à escravidão, à
cobiça, à ignorância, e à superstição.
Deveria desenvolver o intelecto e civilizar o coração.
Deveria satisfazer o coração dos mais ignorantes e dos
mais sábios.
O
Velho Testamento satisfaz esses quesitos?
Há algo no Velho Testamento — na história, na teoria, na
lei, na moral, na ciência — acima e além das ideias, das crenças, dos costumes
e dos preconceitos de seus autores e dos povos entre os quais viveram?
Imaginavam que o sol viajava ao redor da Terra e que,
parando-se o sol, o dia poderia ser prolongado.
Acreditavam que Adão e Eva foram os primeiros seres
humanos; que haviam sido criados poucos anos antes deles — os hebreus —, e que
eles próprios eram seus descendentes diretos.
Se há algo certo, é que os autores da Bíblia estavam enganados
sobre a criação, a astronomia, a geologia; sobre as causas dos fenômenos, a
origem do mal e as causas da morte.
Deve-se admitir que, se um Ser infinito é o autor da
Bíblia, então deveria saber todas as ciências, todos os fatos, e estar acima de
quaisquer erros.
Se, entretanto, existem erros, enganos, falsas teorias,
mitos ignorantes e asneiras na Bíblia, então deve ter sido escrita por seres
finitos; ou seja, por homens ignorantes e equivocados.
Nada poderia ser mais óbvio que isso. Por séculos a Igreja
insistiu que a Bíblia era absolutamente veraz; que não continha quaisquer
erros; que a história da criação era verdadeira; que sua astronomia e geologia
estavam de acordo com os fatos; que os cientistas que discordavam do Velho
Testamento eram infiéis e ateus.
Agora as coisas mudaram. Os
cristãos educados admitem que os autores a Bíblia não eram inspirados em
ciências. Agora dizem que Deus — ou Jeová — não inspirou os autores desse livro
com a finalidade de instruir o mundo sobre astronomia, geologia ou qualquer
ciência.
Agora admitem que os homens inspirados que escreveram o Velho Testamento desconheciam totalmente qualquer ciência, e que escreveram sobre a Terra, as estrelas, o sol e a lua de acordo com a ignorância da época.
Agora admitem que os homens inspirados que escreveram o Velho Testamento desconheciam totalmente qualquer ciência, e que escreveram sobre a Terra, as estrelas, o sol e a lua de acordo com a ignorância da época.
Foram necessários muitos séculos para forçar os teólogos
a admitirem isso. Com relutância, cheios de malícia e ódio, os padres se
retirarem de campo, deixando a vitória com a ciência.
Então tomaram outra posição. Declararam que os autores — ou os escritores — da Bíblia estavam inspirados sobre coisas espirituais e morais; que Jeová queria que seus filhos soubessem de sua vontade e de seu amor infinito; que Jeová, vendo seu povo corrompido, ignorante e depravado, desejou torná-lo compassivo, justo, sábio e espiritual, e que a inspiração da Bíblia reside nas ideias sobre leis, na religião que ensina e em suas ideias governamentais.
Esta é a questão agora:
A Bíblia está mais próxima da verdade em suas noções
sobre justiça, piedade, moral ou religiosidade do que está em suas noções sobre ciência?
A Bíblia é
moral?
Ela é
misericordiosa?
Na guerra, os escolhidos de Deus ou os que se achavam, comandavam a
destruição e o massacre de cidades inteiras só porque seus habitantes não professavam a mesma fé.
Suas leis são inspiradas?
Na literatura mundial não há qualquer código
de leis mais sangrento. A lei da vingança — da retaliação — era a lei de Jeová.
Olho por olho, dente por dente, membro por membro.
Ela é justa e
racional?
A Bíblia contrapõe-se à tolerância religiosa — à
liberdade religiosa.
Todos que discordassem da maioria eram apedrejados até a
morte. Investigar era um crime. Maridos eram ordenados a denunciar e ajudar no
assassinato de suas esposas descrentes.
É inimiga da arte. “Não farás para ti imagem esculpida,
nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas
águas debaixo da terra”: esta foi a morte da arte. (cf. Êxodo 20:4).
A Bíblia é civilizada?
Ela é filosófica?
Ensina que os pecados das pessoas podem ser transferidos
a um animal — a um bode.
Faz da maternidade uma ofensa que precisa ser
compensada com uma oferenda.
Dar luz a um menino era mau, dar luz a uma menina era
duas vezes mau. (cf. Levítico 12)
Um Deus civilizado sujaria seu altar com o sangue de
bois, ovelhas e pombas?
Transformaria seus sacerdotes em açougueiros?
Deliciar-se-ia
com o odor de carne queimando?