
Muitos
amavam e respeitavam o livro. Convencidos de que os anjos do mal estavam em atividade no mundo, os primeiros pais da
igreja citavam frequentemente o livro. Justino
mártir, em sua “Segunda Apologia”, concorda com a história abordada pelo
livro. Atenágoras, em sua obra “Legatio”, escrita no ano 170, apresenta Enoch
como um verdadeiro profeta. Lactâncio (260-330) e Taciano (110-171), apologistas cristãos,
especularam com detalhes sobre a encarnação dos anjos caídos. Irineu, bispo de Lyon no século III, faz
referências a história de Enoch. Tertuliano
(160-230) era um grande defensor do livro. Clemente
de Alexandria (150-220) fala dos anjos que renunciaram á beleza de Deus em
troca da beleza que desvanece, caindo do céu para a Terra. Origines
(186-255), um aluno de Clemente e grande pensador da sua época, mais de uma vez
chamou Enoch de profeta e citava livremente o seu livro.

A
REJEIÇÃO DO LIVRO
Os
pais da igreja tiveram dificuldade para aceitarem o ponto de vista do livro de Enoch
e procuraram outra explicação para encaixarem o capítulo 6 do Gênesis. Estes
mestres da igreja acreditaram que o profeta Isaias 14:12-15; está descrevendo a
queda de um arcanjo e seus aliados. Esta queda seria em função da sua soberba,
ele queria ser igual a Deus. Para evitar a
idéia de que os anjos haviam se materializado e mantido contato sexual
com as mulheres humanas, eles seguiram a linha de raciocínio de um mestre da igreja, Julio Africano, que
aceitava os “filhos de Deus” como sendo uma referencia aos filhos de Set que
teriam tomado como esposas as filhas de Caim. No século IV, Ephraem, uma autoridade
eclesiástica da Síria, também seguiu esta idéia. Jerônimo (348-420), doutor da
igreja e especialista em hebraico, qualificou a obra de Enoch como apócrifa e declarou que seus ensinos
eram iguais aos do maniqueísmo.
O
maniqueísmo foi uma religião que competiu com a igreja, foi fundada no ano 240
pelo profeta Mani, que se declarava um apóstolo de Jesus. Ele pregava uma
síntese (budismo, zoroastrismo, cristianismo). Crisóstomo (346-407), concluiu
que aceitar os “filhos de Deus” como anjos é uma idéia absurda. Santo Agostinho
(354-430), rejeitou igualmente que os anjos jamais poderiam ter assumido um
corpo e terem tido relações com mulheres, mesmo afirmando que há casos na
Bíblia em que anjos aparecem aos homens em corpos que podiam não só ser vistos
mas tocados. O rabino Simeon Bem Yohai lançou uma maldição aos que acreditassem
serem anjos, “os filhos de Deus”, do
Gênesis 6.Esta maldição proferida no século II A.D., colocou o mundo judeu
contra o livro de Enoch. Como tinha conhecimento desta questão, Orígenes (séc.
III), afirmava ser esta a razão principal pela qual o livro não era mais aceito
pelos judeus.
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